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Crise alimentar agrava-se em Angola e Moçambique

DW (Deutsche Welle) | Lusa | EFE
24 de abril de 2024

A insegurança alimentar agravou-se mundialmente em 2023 e mais de 281 milhões de pessoas precisaram de ajuda devido a conflitos, especialmente em Gaza e no Sudão. Crise também atingiu Moçambique e em Angola pode piorar.

Efeitos da seca no Namibe, sul de Angola
Efeitos combinados de anos consecutivos de seca "reduziram significativamente a produção agrícola" em Angola, diz o relatórioFoto: Adilson Abel Liapupula/DW

O número de pessoas em situações críticas aumentou em 24 milhões no ano passado em comparação com 2022, de acordo com o Relatório Global sobre Crises Alimentares, elaborado em conjunto por 16 agências da ONU e organizações humanitárias.

"A guerra, o caos climático e a crise do custo de vida, combinados com uma ação inadequada, significam que quase 300 milhões de pessoas enfrentaram uma crise alimentar aguda em 2023", diz o relatório divulgado hoje.

No ano passado, cerca de 700.000 pessoas estiveram à beira da fome, incluindo 600.000 na Faixa de Gaza, número que aumentou nos últimos meses devido à guerra entre o Hamas e Israel.

A Faixa de Gaza sofre a maior catástrofe alimentar do planeta das últimas duas décadas, alerta o relatório anual da Rede Global contra Crises Alimentares (GNAFC).

Além de Gaza e do Sudão, que sofreu a maior deterioração "devido aos efeitos devastadores do conflito" que eclodiu em 15 de abril de 2023, outros países que sofrem grandes crises alimentares são Afeganistão, Etiópia, Nigéria, Síria, República Democrática do Congo (RDC) e Iémen.

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Insegurança alimentar em Angola pode piorar

Em Angola, um milhão e trezentas mil pessoas em Angola (4% da população) enfrentaram níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 2023. E segundo o relatório mundial sobre a crise alimentar, a situação deverá piorar em 2024.

"Prevê-se que até 1,5 milhões de pessoas ou 5% da população enfrentem níveis elevados de insegurança alimentar aguda" em 2024, sublinha o documento. O aumento dos níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 2024 "reflete a expectativa de fraca precipitação durante a época de colheita de 2023/24, as baixas reservas alimentares das famílias e a inflação persistente dos alimentos e dos combustíveis", revela o relatório.

Os efeitos combinados de anos consecutivos de condições meteorológicas secas, incluindo durante a época de 2022/23, "reduziram significativamente a produção agrícola, que é a principal fonte de alimentos para as famílias rurais no sudoeste" de Angola, onde as províncias do Cunene, Huíla e Namibe foram classificadas em crise em 2023. 

Se as zonas do sudeste angolano registaram défices de precipitação durante os últimos meses de 2023, relacionados com o evento El Niño, no resto do país, a precipitação acumulada foi superior à média. Já em Luanda, chuvas anormalmente fortes em dezembro perturbaram a disponibilidade de alimentos nos mercados da capital e nas zonas rurais abastecidas a partir da capital. 

A partir de maio, os preços dos alimentos aumentaram de forma constante, atingindo quase 22% em dezembro. "Prevê-se que os novos cortes planeados nos subsídios aos combustíveis venham a inflacionar os preços dos combustíveis", remata o relatório. 

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Crise alimentar agravou-se em Moçambique

No ano passado, a magnitude da crise alimentar também se agravou em Moçambique, onde 3,3 milhões de pessoas em 72 de 156 distritos analisados "enfrentaram altos níveis de insegurança alimentar aguda", revela o mesmo relatório.

Três milhões e trezenas mil pessoas (20% da população analisada) enfrentaram altos níveis de insegurança alimentar aguda. "Dois distritos recentemente analisados em Cabo Delgado foram classificados em emergência", acrescenta o relatório, sublinhando que 200 mil pessoas atingiram esta fase de insegurança alimentar no país em 2023.

A escassez de oportunidades de emprego em áreas afetadas por choques climáticos e conflitos reduziu o poder de compra das famílias, diminuindo o consumo.

Apesar de uma redução do conflito em Cabo Delgado, ataques esporádicos perturbaram os sistemas alimentares locais na província em 2023, sobretudo a partir de dezembro, em que "a insegurança se deteriorou acentuadamente", aponta o relatório.

 

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